Texto produzido pelo pesquisador Caio Floriano dos Santos, do Observatório dos Conflitos, sobre os conflitos ambientais da Praia Brava (Itajaí/SC).
Publicado pelo Movimento - Não Deixe o Encanto do Morcego Acabar no facebook:
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PRAIA BRAVA: ESPELHO DA ZONA COSTEIRA BRASILEIRA
Os empreendimentos imobiliários que se proliferam na Praia Brava nos
faz questionar e refletir sobre diversos pontos, mas gostaria
de levantar e suscitar alguns para o debate. Mas, antes gostaria de
deixar claro que os conflitos ambientais por causa desta localidade
(ecossistema) apontam claramente a insustentabilidade do projeto de
“desenvolvimento” levado à frente pelos poderes político e econômico.
Esta insustentabilidade aponta também para um cenário claro e latente
de injustiça ambiental, onde em virtude de “uns poucos” é imputado um
impacto negativo a grande maioria, mesmo que para isso se utilizem de
argumentos como “desenvolvimento para todos”, “desenvolvimento
sustentável”, “sustentabilidade”, “geração de emprego e renda” e outros,
que sabemos que possuem o objetivo apenas de mascarar a realidade que é
de lucro para poucos.
Esta prática não é exclusividade de Itajaí e
da Praia Brava, mas deve ser combatida e denunciada, por tanto é
importante que possamos entender todo processo por trás desta mudança de
paisagem que viemos assistindo nos últimos 20 anos (acelerado nos
últimos 10), vinculado a “flexibilização” contínua da nossa legislação
urbana, processo que se assemelha ao que acontece nacionalmente com a
legislação ambiental, uma vez que estas são vistas como entraves ao
“desenvolvimento” (este tipo, que definiríamos como crescimento).
O
mesmo “erro” foi cometido em duas gestões da prefeitura diferentes por
tentarem realizar a elaboração do zoneamento do município de Itajaí
(Plano Diretor) sem participação popular, mas, enquanto isto, assistimos
o patrimônio natural, bem como as relações socioculturais que se
criaram com o mesmo, serem destruídos. Portanto, cabe nos questionar se
este jogo realizado não tem beneficiado sobremaneira apenas um setor,
que na falta de regras claras constituídas de forma participativa e
transparente, acabam por levar seus projetos a cabo.
Se a Praia
Brava quer refletir o que está acontecendo no restante da zona costeira
brasileira, cabe a nós denunciar e lutar contra. Então, vamos à luta!